De maneira simples, a gestão de projetos (mesmo os literários) pode ser entendida como a transformação de ideias em resultados no plano concreto, através de um plano executável mediante boas práticas de elaboração e condução.

No intuito de tornar o desafio de escrever um livro um pouco mais gerenciável, o projeto-livro pode ser planejado estabelecendo-se sequências previsíveis de ações que se desenvolvem dentro de limites de custo e prazo definidos. Geralmente, um projeto possui características que são específicas, no entanto, para o projeto-livro aqui em apreço, podemos adotar as seguintes características, baseadas no Gerenciamento por Objetivos:

  • Objetivos bem definidos e realistas;
  • Foco em gerar um produto original (no caso um livro);
  • Ser gerenciável; e
  • Atender a expectativas alinhadas.

 Objetivos bem definidos e realistas

As ideias que irão compor os objetivos devem ser claramente descritas, mapeadas em produtos e estruturadas em tarefas que possam ser facilmente gerenciadas. O objetivo é o ponto focal do projeto, para o qual convergem todas as ações, e é claro, conciso e direto. Por isso, já começa com um verbo de ação. O objetivo deve conter: a) uma ação: um verbo no infinitivo e que inicia sua declaração: implantar, desenvolver, construir, fabricar etc.; b) o objeto sobre o qual a ação se exerce e/ou da qual ele resulta: um novo processo, um produto, uma metodologia etc.; c) requisitos, restrições ou condições complementares de desempenho, de tempo, de localidade, de quantidade, de qualidade etc. Esse é o ponto de partida, sem objetivo definido, não existe projeto.

Foco em gerar um produto original (livro)

A exemplo de outros projetos, o projeto-livro será materializado através de produtos, serviços ou resultados que viabilizarão o alcance dos objetivos previamente definidos. Portanto, o Projeto-livro deve possuir produtos claramente definidos, delimitados em um escopo capaz de representar todas as atividades a serem realizadas (como se verá no capítulo 4 do Guia).

Ser gerenciável

Este termo indica que o Projeto-livro deve possuir uma definição de responsabilidades, esforço e prazo claros e estruturados, permitindo o acompanhamento de todas as tarefas e a geração de informações necessárias à tomada de decisões do(a) autor(a) iniciante sobre o livro.

O(a) autor(a) iniciante deve saber que todas as responsabilidades do projeto irão recair sobre si e, para que não perca prazos ou esqueça de atividades e procedimentos importantes, as mesmas devem ser explicitadas. Geralmente um projeto literário é solitário e o(a) autor(a) deve se programar sabendo que não contará com equipes de apoio, sendo ele(a) o(a) responsável direto pelo andamento e resultados de seu projeto. Então, a não ser que construa o projeto em parceria ou em co-autoria, ele(a) será o(a) planejador(a), o(a) fornecedor(a) de recursos e o(a) executor(a) das tarefas, definindo inclusive a necessidade ou não de outros participantes esporádicos, como amigos e parentes que possam contribuir, ou mesmo optar por contratar revisores ou profissionais da área.

Atender a expectativas alinhadas

Quando envolvido na execução e nos resultados de um projeto, o(a) autor(a) iniciante possui expectativas que devem ser alinhadas aos impactos esperados pelo alcance dos objetivos do projeto. Assim, o Projeto-livro deve ser organizado de forma a garantir o atendimento das expectativas que originaram sua definição.

É recomendável seguir o conselho de especialistas e não ter a pretensão de ser o(a) sucessor(a) de J.K. Rowling; George R.R Martins Tolkien; E.L. James, ou qualquer autor(a) de estilo ou enredo universalmente conhecido. Não crie expectativas irreais, não pense que seu texto vai ser um best seller ou ganhar o Prêmio Nobel de Literatura. Seja mais modesto em seus primeiros textos. É bom ir com calma e saber que quase nenhum(a) escritor(a) conhecido(a) fez sucesso com o primeiro livro.

Neste sentido, há algumas dicas de como alinhar as expectativas iniciais, tais como aquelas citadas por Ricardo Almeida e disponibilizadas no Blog do Clube de Autores. Segundo ele:

  • Ninguém nasce com o “dom da escrita”, destinado a fazer sucesso no mercado literário e pronto, mágica!
  • Criatividade não é suficiente para criar boas histórias. Faz-se necessário um pouco mais de esforço e dedicação.
  • Bom conhecimento da língua portuguesa não faz de uma pessoa autoridade no assunto; e
  • Sempre há tempo para aprender.

 Além dessas características específicas a serem observadas num projeto de elaboração de um livro, também recomendamos ter método e disciplina, além de ler e ler muito. Antes de ser escritor é importante que o(a) autor(a) iniciante seja leitor(a). Foi lendo A metamorfose, do Tcheco Franz Kafka, que o Prêmio Nobel de Literatura Gabriel García Márquez decidiu que seria escritor e, somente após a leitura de As reinações de Narizinho e Memórias de Emília, de Monteiro Lobato, que foram escancaradas de vez as portas da literatura para a futura autora de “Marcelo, marmelo, martelo”, Ruth Rocha.

Sugerimos ler, não só outros livros sobre o seu tema preferido, mas também revistas, periódicos, jornais, artigos e resenhas sobre diferentes assuntos. Isto vai abrir sua cabeça para o conhecimento sobre o universo literário, ajudando o(a) autor(a) iniciante a definir suas expectativas de forma mais racional e motivá-lo(la) a encarar o desafio de criar uma obra literária. Outra boa dica é isolar-se na hora de produzir ou escrever seus textos, o que permite maior concentração e foco.

 

Para saber mais e aprender como utilizar noções básicas de projetos para planejar a elaboração de um livro,  adquira o “Guia Prático Meu Primeiro Livro”.